quarta-feira, 3 de julho de 2013

125 anos da Lei Áurea (liberdade ou ilusão)



          Cento e vinte e cinco anos se passaram e o longo caminho da cidadania prossegue a largas passadas, mas também com momentos de retrocesso quando o assunto envolve a cidadania do negro. A Lei Áurea (Lei Imperial n.º 3.353), sancionada em 13 de maio de 1888, foi a lei que extinguiu a escravidão no Brasil.
                
  Quando o assunto é a cidadania dos negros, uma das reflexões históricas que mais surgem é que naquela época foi vital a luta contra a escravidão. Entendia-se que era preciso uma ‘cidadania ativa’. Naquele momento, o movimento abolicionista tomava conta do Brasil de norte a sul.
    Camadas sociais diversas (elite, os próprios escravos, jornalistas, pequenos proprietários e operários) começaram a entender que a liberdade era um direito civil básico, por isso o absurdo de um país continuar escravagista.
                    
         O contraponto, porém, veio justamente após a abolição, isto é, a luta por transformar o negro em cidadão perdeu forças e as consequências histórias estão a olho nu no Brasil até hoje. Isso é bem abordado no livro “Cidadania no Brasil - O Longo Caminho (José Murilo de Carvalho).
Seguindo a linha de raciocínio sobre a condição do negro no Brasil, a socióloga, psicanalista, pesquisadora e escritora Nilda Jock tem uma importante contribuição para esse debate. 
           Segundo o Censo 2010 do IBGE, o Brasil possui 97 milhões de negros e pardos e 91 milhões de brancos. No entanto, os brancos recebem quase o dobro do salário dos negros e pardos. O rendimento médio mensal dos brancos é de R$ 1.538, o dos negros R$ 834 e dos pardos R$ 845. No que diz respeito ao grau de instrução, a proporção de analfabetos na população negra e parda é de 13,3% e 13,4%, respectivamente. No caso dos brancos, o índice de analfabetismo é de 5,9%.
        “A liberdade dos negros foi construída passo a passo tendo como agentes principais os próprios negros, que pagaram caro por isso. Cada conquista custou capacidade de luta e um conjunto de argumentos sólidos”, explica. De acordo com a socióloga, ainda há um enorme passivo de preconceito racial no país. “Toda questão que tem base na tradição que se estende pelo tempo, precisa de muito tempo para ser modificada. Os séculos que nos separam da abolição não são suficientes”
            No Brasil não há nada a se destacar. O 13 de maio, dia da Lei Áurea, foi uma data oficial, importante na medida em que o Estado Brasileiro passou a aceitar legalmente que os homens são iguais. Mas do ponto de vista do oferecimento de oportunidades de ascensão aos negros brasileiros, foi absolutamente inócua. Séculos de Espera, meu livro, trata justamente disso. De como a nova Lei em nada modificou a vida dos negros, mantendo-os subalternizados e, em muitos casos, servindo de álibi para piorar ainda mais sua situação. 
             A pergunta sobre o que é "politicamente correto" está sendo respondida nos dias de hoje em todos os níveis sociais num processo muito importante e nem sempre bem compreendido. Já levamos vários anos requalificando palavras e expressões que possam representar algum tipo de estigma a seres humanos que, como todos sabemos, são iguais. Vejam o caso daquelas pessoas que eram chamadas de "deficientes físicos" e hoje são chamadas de "pessoas com necessidades especiais". 
             Tenta-se manter o mesmo comportamento no caso dos afrodescendentes. Se há carinho, intimidade, a palavra preto pode ter o mesmo significado de branquelo, por exemplo. Mas se a palavra é usada como instrumento de ofensa, de definição social, de incapacidade intelectual, de restrições à oportunidades, tudo muda. A resposta geral à pergunta é simples: pejorativa é toda palavra usada para diminuir outro indivíduo. Simples assim. Nesses casos, evite-se e use-se as palavras que nascem do consenso da busca pela igualdade.

ALUNO:Caio Fernando Marins                    N°10              Turma: 801


                     http://correio.rac.com.br/_conteudo/2013/05/capa/nacional/58367-sociologa-analisa-125-anos-do-fim-da-escravidao-no-pais.html                                                                                 

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